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Qual a relação da Saturnália e Bacanália com o carnaval? E o catolicismo, o que tem a ver com esses rituais?

Carnaval

Muito se sabe sobre os rituais de Saturnália e Bacanália, mas pouco se considera, afinal passou a ser chamado de “festa (Carnaval)” os dois rituais de maior subversão do passado.

Mas hoje trouxemos todas as informações necessárias para você fazer as ligações dos fatos e descobrir de onde o carnaval surgiu.

Saturnália para Saturno

Saturnália era um festival da Antiga Roma em honra ao deus Saturno, que era o deus da agricultura e do tempo. O festival ocorria em 17 de dezembro no Calendário juliano e se estendia com festividades até 25 de dezembro. Era uma celebração pelo fim do ano agrário e religioso, e também pela lembrança da Era Dourada, quando os humanos viviam em abundância e igualdade sob o reinado de Saturno.

O festival era marcado por um sacrifício no Templo de Saturno, no Fórum Romano, seguido por um banquete público e uma troca de presentes em privado. Além disso, havia uma atmosfera de carnaval, em que as normas sociais eram invertidas ou suspensas: os escravos podiam comer à mesa dos senhores, o jogo era permitido, as roupas eram trocadas por togas coloridas ou disfarces, e as pessoas saíam às ruas cantando, dançando e brincando. O poeta Catulo chamou o festival de “o melhor dos dias”.

A relação de saturnália com o carnaval é evidente pela semelhança entre as práticas festivas, que envolviam alegria, liberdade, irreverência e subversão da ordem. Alguns historiadores também sugerem que o carnaval cristão foi influenciado pela saturnália pagã, que já era uma tradição popular na Roma Antiga. O termo “carnaval” deriva do latim “carnis levale”, que significa “retirar a carne”, e se refere ao período anterior à Quaresma, em que os cristãos se entregavam aos prazeres carnais antes do jejum e da penitência.

Os rituais de saturnália aconteciam principalmente no Templo de Saturno, que era o centro cerimonial das celebrações. No primeiro dia do festival, um porco jovem era sacrificado publicamente no local, que ficava no canto noroeste do Fórum Romano. Depois, as pessoas se dirigiam ao banquete público, que podia incluir a imagem do deus Saturno colocada junto à mesa. A estátua do deus tinha fios de lã nos pés, que eram retirados simbolicamente para representar sua libertação. Os rituais também aconteciam nas casas particulares, onde os familiares e amigos trocavam presentes e se divertiam.

Bacanália para Baco

O ritual de Bacanália era outro festival da Antiga Roma, mas dedicado a Baco (ou Dioniso), o deus do vinho e da fertilidade. O festival era originalmente restrito às mulheres e ocorria três vezes por ano. Depois, os homens foram admitidos e as celebrações passaram a ocorrer cinco vezes por mês. Os participantes do ritual se reuniam à noite em locais secretos, onde realizavam danças extáticas, bebiam vinho em excesso e se entregavam a orgias sexuais. Os bacanais eram considerados perigosos pelas autoridades romanas, que os proibiram em 186 a.C., por causa dos crimes, conspirações e desordens que aconteciam nas sessões noturnas.

A relação do ritual de Bacanália com o carnaval é mais indireta, mas também se baseia na ideia de transgressão das normas sociais e morais através da embriaguez, da sensualidade e da inversão de papéis. Alguns elementos do ritual de Bacanália podem ter sido transmitidos para as festas dionisíacas da Grécia Antiga e depois para as festas carnavalescas da Idade Média e da Modernidade.

A Igreja Católica e sua relação com o Paganismo

O carnaval é uma festa popular que tem origem na Idade Média, mas que incorpora elementos de celebrações pagãs da Antiguidade. O termo “carnaval” vem do latim “carnis levale”, que significa “retirar a carne” ou “adeus à carne”. Isso se refere ao período de jejum e abstinência que os cristãos praticam durante a Quaresma, que começa na Quarta-feira de Cinzas, logo após o carnaval.

A Igreja Católica, diante das festas pagãs que envolviam música, dança, bebida e prazeres carnais, decidiu canalizar esses impulsos em uma data específica, antes do tempo de penitência e conversão. Assim, o carnaval tornou-se uma ocasião de inversão da ordem social, em que as pessoas podiam se fantasiar, brincar e se divertir sem restrições.

Entre as festas pagãs que influenciaram o carnaval, podemos citar as Sacéias, dos mesopotâmicos, em que um prisioneiro assumia o papel de rei por alguns dias; as Dionísias, dos gregos, em que se cultuava o deus do vinho e da fertilidade; e as Lupercálias, dos romanos, em que se celebrava a passagem do ano e se buscava a purificação e a prosperidade.

O carnaval foi se espalhando pela Europa e pelo mundo com diferentes formas e tradições. No Brasil, o carnaval chegou com os colonizadores portugueses, que trouxeram o entrudo, uma brincadeira em que se jogava água e farinha nas pessoas. Com o tempo, o carnaval brasileiro foi incorporando elementos da cultura africana e indígena, como os tambores, as máscaras e as danças. Hoje, o carnaval é uma das festas mais populares e animadas do país, com destaque para os desfiles de escolas de samba e os blocos de rua.

Nota do autor

Citei dois rituais romanos, mas não podemos esquecer que a igreja católica deixou a abnegação de lado para manter os fiéis. Se julgarmos os acontecimentos com uma visão sensata, é justificável o abandono de práticas tão sórdidas. Mas não podemos esquecer a contextualização, os tempos citados no artigo não eram tão esclarecidas como hoje. Atualmente, participar de festas do gênero é uma questão de escolha e não de falta de conhecimento.

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