O conflito territorial entre a Venezuela e a Guiana pelo Essequibo é uma das mais antigas disputas fronteiriças da América do Sul.
O plebiscito na Venezuela hoje é um assunto que tem gerado muita polêmica e preocupação na região. O governo de Nicolás Maduro propôs uma consulta popular para saber se os venezuelanos apoiam a reivindicação do país sobre a região da Essequiba, que pertence à Guiana e corresponde a cerca de 60% do seu território.
A Essequiba é uma área rica em recursos naturais, especialmente petróleo, que tem sido alvo de uma disputa histórica entre os dois países desde o século XIX. A Venezuela alega que a região foi cedida à Grã-Bretanha, antiga potência colonial da Guiana, de forma ilegal pelo Laudo Arbitral de Paris, em 1899. A Guiana, por sua vez, defende que o laudo é válido e que a Essequiba faz parte da sua soberania.
O plebiscito, que está marcado para o dia 3 de dezembro, não tem o reconhecimento da comunidade internacional nem da própria Guiana, que considera a iniciativa uma ameaça à sua integridade territorial e à paz na América do Sul. O governo brasileiro também manifestou sua preocupação com o referendo e reafirmou seu apoio à solução pacífica e negociada do conflito, respeitando os princípios do direito internacional.
O plebiscito na Venezuela hoje é visto por muitos analistas como uma estratégia de Maduro para desviar a atenção dos graves problemas internos que o país enfrenta, como a crise econômica, social e humanitária, a repressão política e a falta de legitimidade do seu regime. Além disso, o plebiscito pode ser uma forma de Maduro tentar aumentar seu apoio popular e sua influência regional, usando o nacionalismo e o anti-imperialismo como bandeiras.
No entanto, o plebiscito na Venezuela hoje também pode ter consequências negativas para o próprio país e para a estabilidade da região. O referendo pode aumentar a tensão entre a Venezuela e a Guiana, podendo levar a um confronto militar ou a uma escalada diplomática. O plebiscito também pode isolar ainda mais a Venezuela no cenário internacional, afastando possíveis aliados e parceiros comerciais. Por fim, o plebiscito pode agravar a situação interna da Venezuela, gerando mais divisão, violência e sofrimento para o povo venezuelano.
Quais são as próximas medidas que serão tomadas após o plebiscito na Venezuela hoje?
Isso dependerá do resultado da consulta e da reação dos atores envolvidos. Se o plebiscito for favorável à reivindicação da Venezuela sobre a Essequiba, Maduro poderá usar isso como um argumento para pressionar a Guiana e buscar uma solução favorável aos seus interesses. Se o plebiscito for contrário à reivindicação da Venezuela, Maduro poderá ignorar o resultado ou questionar sua validade, mantendo sua posição intransigente. Em qualquer caso, é provável que a Guiana rejeite o plebiscito e recorra aos mecanismos legais e diplomáticos para defender sua soberania. A comunidade internacional também deverá se pronunciar sobre o assunto e apoiar uma solução pacífica e negociada entre as partes.
O plebiscito na Venezuela hoje é um tema complexo e delicado, que envolve questões históricas, geopolíticas e humanitárias. É importante que os venezuelanos estejam bem informados sobre as implicações dessa consulta e que possam exercer seu direito de participação de forma livre e consciente. É importante também que os demais países da região acompanhem de perto o desenrolar dos acontecimentos e contribuam para uma solução justa e pacífica do conflito.
O conflito territorial entre a Venezuela e a Guiana pelo Essequibo
Entenda melhor
O conflito territorial entre a Venezuela e a Guiana pelo Essequibo é uma das mais antigas disputas fronteiriças da América do Sul. O Essequibo é uma região que abrange cerca de 160 mil km², equivalente a 74% do território da Guiana e 15% do território da Venezuela. A região é rica em recursos naturais, como petróleo, ouro, diamantes, bauxita e madeira.
A origem do conflito remonta ao período colonial, quando a Espanha e a Grã-Bretanha disputavam o controle da área. Em 1899, um tribunal arbitral formado por representantes dos Estados Unidos, Rússia, Itália e Suécia decidiu que o Essequibo pertencia à Grã-Bretanha, que na época administrava a Guiana. A Venezuela não aceitou o resultado e denunciou o tratado como nulo em 1962, alegando que houve fraude e conluio entre os árbitros.
Em 1966, um ano antes da independência da Guiana, os dois países assinaram o Acordo de Genebra, que estabeleceu um mecanismo para buscar uma solução pacífica e satisfatória para a controvérsia. O acordo previa a participação de um representante do secretário-geral da ONU como mediador. Desde então, várias tentativas de negociação foram feitas, mas sem sucesso.
Em 2015, o conflito se intensificou após a descoberta de grandes reservas de petróleo na costa do Essequibo pela empresa americana ExxonMobil. A Venezuela protestou contra a exploração e reivindicou sua soberania sobre a área. A Guiana acusou a Venezuela de violar o direito internacional e de ameaçar sua segurança. Em 2018, a Guiana levou o caso à Corte Internacional de Justiça (CIJ), solicitando que o tribunal confirmasse a validade do laudo arbitral de 1899. A Venezuela se recusou a participar do processo, argumentando que a CIJ não tem jurisdição sobre o assunto.
Em janeiro de 2021, a CIJ decidiu que tinha competência para julgar o caso e iniciou a fase de mérito. A Venezuela rejeitou a decisão e reafirmou sua posição histórica. Em outubro de 2021, o presidente venezuelano Nicolás Maduro anunciou que convocaria um referendo consultivo para decidir sobre a anexação do Essequibo à Venezuela. O referendo está previsto para ocorrer em dezembro de 2021.
A Guiana condenou a iniciativa de Maduro como uma provocação e uma violação do Acordo de Genebra. A comunidade internacional também manifestou sua preocupação com o aumento das tensões entre os dois países. O Brasil, que faz fronteira com ambos os países, tem um interesse estratégico na resolução pacífica do conflito. O Brasil reconhece o Essequibo como parte da Guiana e apoia o diálogo entre as partes dentro do marco legal existente. O Brasil também defende o respeito à integridade territorial e à soberania dos países vizinhos.
As próximas medidas que serão tomadas dependem do resultado do referendo na Venezuela e da sentença da CIJ. Caso o referendo seja favorável à anexação e a CIJ confirme a soberania da Guiana, haverá um impasse jurídico e político entre os dois países, com possíveis implicações para a estabilidade regional. Caso o referendo seja contrário à anexação ou a CIJ reconheça os direitos da Venezuela, haverá uma oportunidade para retomar as negociações bilaterais ou multilaterais para buscar uma solução consensual e duradoura para o conflito.